Transplante de tecido ovariano funciona apesar das diferenças genéticas

Bruxelas, Bélgica, 02 de Agosto de 2007

Pela primeira vez, o transplante de tecido ovariano entre irmãs não idênticas, restabeleceu a fertilidade, o que abre uma porta para o transplante entre mulheres sem parentesco compatíveis. Esta notícia mostra as pacientes interessadas que o estudo pode oferecer nova esperança para mulheres que desejam restaurar a função ovariana após quimioterapia e radioterapia. Entretanto, devemos esclarecer que os achados repreentam a primeira experiência clínica com essa técnica experimental e que a técnica ainda necessita que as mulheres tenham antígenos compatíveis e reunir outros critérios.

O transplante de tecido ovariano entre uma mulher belga de 32 e sua irmã de 35 anos, que teve falência ovariana prematura, restabeleceu suas menstruações e produziu oócitos viáveis, foi publicado por Jacques Donnez da Universidade Católica de Louvain. É importante salientar que as irmãs eram HLA-idênticas.

O Dr. Donnez falou, “nossos achados oferecem uma esperança para pacientes jovens que tiveram falência ovariana prematura e não tiveram chance de congelar seus óvulos, embriões ou cortical ovariana”. Além do mais, o procedimento poderia teoricamente ser usado entre mulheres sem grau de parentesco se elas forem HLA compatíveis e um transplante prévio de medula óssea.

O caso relatado segue o grupo de trabalho pioneiro em auto-transplante de tecido ovariano congelado em 2004. Desde então, outro grupo liderado por Sherman J. Silber, do Centro de Infertilidade de St. Louis avançou nessa área e relatou uma gravidez após transplante de tecido ovariano fresco entre irmãs gêmeas idênticas. Que foi publicado em 2005 que levou a receptora, Tereza Alvaro, ao Dr. Donnez.

Em 1990, ela sobmeteu-se a quimioterapia e radioterapia para um transplante de medula óssea que receberia de sua irmã Sandra Alvaro como tratamento de uma doença hereditária a beta-talassemia. Naquele momento não havia nenhum procedimento disponível para preserver a fertilidade. Teresa Alvaro parou de menstruar durante o tratamento, com a falência ovariana confirmada em 2005.

Segundo Teresa, poucos meses mais tarde leu um artigo sobre uma americana que engravidara após transplante de tecido ovariano de sua irmã gêmea, então ela disse “Eu não hesitei nenhum segundo quando vi o Prof. Donnez junto com minha irmã.” Dr. Donnez falou sobre oócitos doados com Teresa, mas ela recusou essa opção e solicitou o transplante. Além disso, sua irmã explicitamente recusou a doação por não querer se submeter à estimulação ovariana.

A análise do grupo HLA mostrou completa compatibilidade entre as duas, mostrando que nenhum tratamento com imunossupressor seria necessário. Então, em Fevereiro de 2006, as duas foram anestesiadas e submetidas à laparoscopia juntas. Três pequenas partes do tecido ovariano foram removidas de Sandra e imediatamente suturadas no ovário atrofiado da sua irmã. Sete meses depois, as menstruações de Teresa retornaram e a ultrasonografia endovaginal revelou estrutura follicular no enxerto, confirmando o retorno da função ovariana.

Com um ano, os médicos estimularam e aspiraram dois oócitos maduros e injetaram os espermatozóides do marido (ICSI) devido uma baixa contagem de espermatozóides. Depois de 24 horas, houve desenvolvimento de um embrião com com dois blastômeros e outro com três. Mas eles pararam seu desenvolvimento e, portanto, não foram transferidos. Mais dois ciclos falharam na obtenção de óvulos, mas Teresa, mesmo assim, estava satisfeita. “A cirurgia foi um sucesso, disse ela”. “Eu posso engravidar naturalmente”.

Dr. Donnez percebeu que a falha de desenvolvimento embrionário também pode ocorrer durante ciclos normais de FIV e que a paciente poderia planejar novas tentativas. Ele e seus colegas concluíram, “esses resultados promissores encorajariam continuar os esforços para preservar a fertilidade em pacientes submetidas à quimioterapia e/ou radioterapia”. Mas o Dr. Silber comentou que esses esforços estão mudando. Ele disse que já realizou um transplante similar entre irmãs genéticamente distintas e têm mais três agendados. Entretanto, percebeu que estamos 20 a 30 anos antes de atingir o ponto ideal onde mulheres sem parentesco poderiam fornecer doação de tecidos. Caminhamos “para maiores avanços no campo da imunossupressão,” diz o Dr. Silber.

Dr. Gilberto

Tiago Ferreira

Share
Publicado por
Tiago Ferreira

Notícias recentes

Nossa mensagem para o novo ano

Chegou o momento de olharmos para trás e agradecermos por cada momento de felicidade e…

3 anos ago

Anticoncepcional pode causar infertilidade?

Se você faz uso de algum meio anticoncepcional, como a pílula contraceptiva e pensa em…

3 anos ago

Possíveis causas que dificultam uma segunda gestação

Você e seu parceiro conversaram e decidiram que está na hora da família aumentar novamente,…

3 anos ago

Conheça as mudanças da nova Resolução do CFM

O CFM (Conselho Federal de Medicina), divulgou a Resolução 2.294, de 27 de maio de…

3 anos ago

Alimentação interfere na infertilidade?

Você sabia que a alimentação é um dos principais fatores que influenciam nas chances de…

3 anos ago

Idade paterna pode influenciar as chances de engravidar?

Por muito tempo, acreditava-se que apenas a idade da mulher influenciava nas chances de uma…

3 anos ago