PESQUISA LIGA PROTEÍNA A SUCESSO EM FERTILIZAÇÃO

By: | Tags: | Comentários: 0 | maio 25th, 2018

Uma pesquisa realizada no HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo mostrou que uma proteína presente no útero pode estar relacionada ao fracasso na fertilização artificial e defende que esse dado ajudará a ciência a fazer justamente o contrári aumentar a taxa de tratamentos bem sucedidos. A avaliação é polêmica e divide opiniões de especialistas.

O estudo foi feito com 52 mulheres de 24 a 42 anos participantes do programa de fertilização do HC. Elas foram testadas com a técnica de fertilização in vitro, em que os óvulos são retirados, fecundados, e reinseridos já como embriões.

Foram estudadas proteínas que se expressam no endométrio –parede que reveste o útero considerada pouco receptiva na fertilização– no ciclo anterior à implantação do embrião.

Conseguiram engravidar 20% das mulheres nas quais a proteína claudina-4 aparecia de forma acentuada. Já nas mulheres com baixa presença dessa substância e alta quantidade da proteína LIF (fator inibidor de leucemia), a taxa de sucesso foi de 88%. Estas tiveram 36 mais chances de engravidar.

“O estudo me faz crer que estamos próximos de dois marcadores [proteínas] importantes. A idéia agora é fazer um painel de marcadores que vai possibilitar uma probabilidade alta de gravidez e conhecer mais o perfil de quem engravida”, afirma o autor do estudo.

Ele diz que fará uma nova pesquisa com mais pacientes, envolvendo diversas doenças ginecológicas e outras proteínas.

Segundo o médico, o resultado já obtido na pesquisa será usado no tratamento de pacientes no prazo de dois meses. “Faremos a biopsia para verificar as proteínas e, caso necessário, poderemos tentar influir pela modificação do ciclo ou indução de ovário”, afirma.

O Hospital das Clínicas de São Paulo é um exemplo comum das dificuldades encontradas pelas mulheres para engravidar. Lá, a taxa de sucesso em tratamentos de fertilização in vitro é de apenas 30% –e muitos casais ficam anos sem obter respostas ao tratamento.

No HC, cada mulher tem direito a até três tentativas de engravidar por fertilização in vitro. Para o diretor da Divisão de Ginecologia do HC e orientador do estudo, a maior probabilidade de acerto poderá facilitar o acesso a tratamentos a mais pacientes.

Segundo o autor, os benefícios poderão ser estendidos a diversos tratamentos além da fertilização in vitro, como a inseminação artificial, já que o problema de receptividade do endométrio “é o mesmo”.

Controvérsias

Mas nem todos são tão otimistas quanto aos dados divulgados. Especialistas em reprodução assistida questionam o pequeno número de pacientes envolvidos no estudo, além do fato de que a proteína claudina-4 já seja estudada como marcadora de implantação embrionária há dez anos, sem que haja uma conclusão até agora.

“Há mais de 500 proteínas se expressando no momento da implantação. Nenhum grupo no mundo usa uma marcação endometrial prévia como critério de cancelamento de ciclo de fertilização in vitro“, afirma o o diretor Centro de Reprodução Humana de Ribeirão Preto.

Segundo ele, esses marcadores demandam biopsia do endométrio e podem variar o seu perfil de expressão durante a estimulação ovariana, o que inviabilizaria a sua utilização na rotina dos tratamentos. “Não há nenhum trabalho científico publicado atestando a obrigatoriedade da execução de um perfil protéico endometrial antes da fertilização”, afirma.

A comunidade científica mundial está há pelo menos 30 anos estudando os mecanismos da implantação embrionária e ainda sabemos muito pouco.
MÁRCIO PINHO/CLÁUDIA COLLUCCI
Folha de São Paulo

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