Intervalo entre os partos talvez comprometa os resultados peri-natais
Meta-análise mostra a importância da correlação do tempo entre os partos com a saúde peri-natal. O autor observou comparativamente que intervalos de 18 a 23 meses e intervalos menores (< 18 a 23 meses) entre gravidezes após a primeira gravidez, estavam associados a um aumento do risco de nascimento de baixo peso em 61% (OR 1.61 [1.39-1.86]). O intervalo menor foi também associado com aumento do risco de parto prematuro em 40% (OR 1.40 [1.24-1.58]), e aumento do risco para pequena idade gestacional em 26% (OR 1.26 [1.18-1.33]). Em análise de 130 estudos publicados entre 1966 e 2006, 67 com um total de mais de 11 milhões de gravidezes foram incluídos na meta-análise. Todos os estudos selecionados ajustaram a idade materna, status socioeconômico e relataram risco estimado do intervalo entre os partos e os resultados peri-natais. Para cada mês que o tempo entre gravidezes era abaixo de 18 meses, o risco de resultados peri-natais adversos aumentava 1.92% (nascimento pré-termo), 3.25% (baixo peso ao nascimento), e 1.52% (menor período gestacional). Esperar muito tempo para segunda gravidez foi também associado a riscos peri-natais. Intervalos maiores do que 59 meses representavam um aumento de 20% a 43% no risco de três resultados peri-natais adversos. Para cada mês que o tempo era acima de dos 59 meses, o risco desses resultados aumentam em 0.55 % (nascimento prematuro), 0.91% (baixo peso), e 0.76 % (menor idade gestacional). Não houve diferença estatisticamente significante no riso entre mulheres com intervalos entre as gravidezes de 18 a 24 meses e aquelas com intervalos de 24 a 59 meses. As razões para o aumento dos riscos para intervalos menores entre as gravidezes são desconhecidas. A hipótese da nutrição materna é uma explicação plausível. Isso explica que gravidezes sucessivas próximas e períodos de lactação não permitem que a mãe se recupere fisiologicamente do estresse reprodutivo antes de deparar-se com a próxima. A hipótese de depleção de folatos sugere que sua diminuição começa no quinto mês de gravidez. Como resultado, o descendente tem maior risco de defeitos no tubo neural e uma variedade de outros resultados ruins. Embora alguns investigadores atribuírem esses resultados ao status socioeconômico, estilo de vida instável, falha assistencial dos serviços de saúde, gravidez não planejada, entre outras determinantes. Entretanto, o Dr. Conde-Agudelo diz que quando esses fatores são controlados os resultados não se modificam. Quanto ao risco para os intervalos prolongados entre as gravidezes, um conceito é que após o parto a capacidade fisiológica reprodutiva da mulher declina tornando-se semelhante a mulheres primigrávidas. Uma outra possibilidade de interferência nos resultados são os fatores imensuráveis, tais como as infecções sexualmente transmissíveis ou doença materna, pode ambos causar resultados adversos tanto na fertilidade quanto na gravidez. Esses fatores podem diferir nas mulheres de países desenvolvidos diferentemente daquelas de países em desenvolvimento. Entre as limitações do estudo, os investigadores apontaram questões sobre a qualidade dos dados originais, especialmente o tempo de intervalo, e o fato que vários estudos incluídos não apontaram fatores potenciais de confusão além da idade materna e fatores socioeconômicos. Devido a considerável heterogeneidade na maioria dos estudos e um pequeno número deles disponíveis para análise, “nossos achados deveriam ser interpretados com cautela”, escreveram os investigadores. Os autores dizem que o efeito do intervalo entre partos sobre saúde peri-natal deveria fornecer uma forte motivação para obrigar os agentes de saúde a orientação de planejamento familiar. Concluem ainda, “poderia ser usado pelas clínicas de reprodução ao redor do mundo aconselharem as mulheres sobre os benefícios de retardarem uma futura gravidez para aproximadamente de dois a cinco anos para aumentar a saúde tanto da mãe quanto do próximo filho”.
Dr. Gilberto Freitas
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