AVALIANDO RESULTADOS DE MIOMECTOMIA HISTEROSCÓPICA

Fonte: European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology 2007;130:232-7

A ressecção transcervical histeroscópica de leiomiomas submucosos é um tratamento que é seguro e altamente eficaz em mulheres cuidadosamente selecionadas que apresentem sangramento uterino anormal e problemas de fertilidade, relatam os pesquisadores.

Especialistas do Hospital Tenon, em Paris, França, conduziram um estudo retrospectivo para avaliar a segurança e a eficácia em longo prazo da ressecção transcervical histeroscópica de leiomiomas submucosos.

Em seu trabalho publicado no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, eles descreveram o estudo de 235 casos consecutivos de mulheres que apresentavam leiomiomas submucosos na histeroscopia ambulatorial diagnóstica, que haviam sido tratadas com ressecção transcervical. As principais indicações para o tratamento foram sangramento uterino anormal (em 84,7% dos casos) e problemas de fertilidade.

Antes da ressecção do leiomioma, cada paciente passou por uma avaliação da cavidade uterina por ultra-sonografia e histeroscopia diagnóstica. A ressecção histeroscópica não era realizada caso o leiomioma fosse maior que 5 cm e caso a distância entre o limite periférico do mioma e a serosa fosse menor que 5 mm.

A média etária das mulheres no momento da cirurgia era de 47,9 anos (variação de 29 a 74 anos). Apenas um pouco mais da metade das mulheres (51%) estava na fase de pós-menopausa e a maioria dessas mulheres (85,5%) estava sob terapia hormonal. No geral, 321 leiomiomas foram resseccionados, ou seja, uma média de 1,4 por paciente. A maioria das mulheres (70%) tinha leiomioma do tipo II, com uma parte intramural profunda. Ablação endometrial (total, na maior parte dos casos) também foi realizada em 36,6% das mulheres.

Doze pacientes (5,1%) sofreram ressecção incompleta e necessitaram repetir o procedimento. Dez das doze pacientes tinham leiomiomas do tipo II e duas tinham miomas de tamanhos grandes do tipo 1 (de 20 g e 26 g).

Complicações:
No total, ocorreram seis complicações  operatórias nas 235 ressecções. Todas foram de menor grau – não houve grandes complicações, perfurações e nenhuma delas necessitou de transfusão sanguínea. O índice de complicações variou de 1,4% para miomas isolados a 6,7% em casos de múltiplos miomas (índice geral de 2,6%).

O tamanho dos miomas também foi um fator: o índice de complicações foi de 0,9% para miomas com peso de 3 g ou menos e de 4,1% para miomas que pesavam mais de 3 g.

Acompanhamento em longo prazo:
Os pesquisadores realizaram o acompanhamento de 83,8% (197) das pacientes, após um período médio de 40 meses (3,3 anos). As pacientes responderam um questionário por telefone ou pelo correio. A operação foi considerada bem sucedida quando a paciente estava satisfeita e era capaz de levar uma vida normal, se os sintomas tivessem desaparecido, e caso nenhuma lesão intra-uterina fosse encontrada durante o exame ginecológico de seguimento.

Em geral, a operação foi considerada bem sucedida em 94,4% (186) das pacientes. Os pesquisadores relatam: “Entre os casos classificados como falha, quatro pacientes passaram por repetição do procedimento histeroscópico, três pacientes foram posteriormente submetidas à histerectomia e quatro pacientes apresentaram sangramento uterino anormal no seguimento”.

A porcentagem de pacientes não histerectomizadas ao final do período de acompanhamento de longo prazo do estudo foi de 98%. A porcentagem de pacientes que não passaram por nenhum tipo de cirurgia foi de 96%.

Na discussão de seu trabalho, os pesquisadores disseram que os achados deste estudo, assim como experiências anteriores, sugerem que o que constitui um bom resultado é a combinação formada pela seleção de paciente, ablação completa, e avaliação integral pré-tratamento.

Eles concluem: “A ressecção transcervical histeroscópica de leiomiomas submucosos é um tratamento que é seguro e altamente eficaz para mulheres cuidadosamente selecionadas que apresentem sangramento uterino anormal e problemas de fertilidade. Ela produz resultados satisfatórios por longo prazo e poucas complicações”.

Dr. Gilberto

Tiago Ferreira

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Tiago Ferreira

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