DADOS NÃO APOIAM O USO DE ANTICOAGULANTES NA PREVENÇÃO DO ABORTAMENTO DE REPETIÇÃO (SOCIEDADE AMERICANA DE HEMATOLOGIA) NEW ORLEANS

Estudo randomizado comparando esquemas de tratamento com anticoagulantes em mulheres com história de abortamento sem causa aparente não mostrou ter valor nenhuma das estratégias estudadas.  Foram comparados três esquemas com os anticoagulants – Heparina de baixo peso molecular mais a aspirina, aspirina isolada e placebo. Como resultado ficou demonstrado que dois terços das mulheres em cada grupo tiveram bebês saudáveis.  Segundo o autor, Dr. Kaandorp – Cerca de 1% a 3% das mulheres tiveram abortamento de repetição, sendo que cerca de 50% desses eram de causas desconhecidas. “O fato de muitas destas mulheres estarem desesperadas para ter um filho, seus médicos com frequência procuram fazer “alguma coisa” e oferecem o tratamento com anticoagulantes”.
Com este trabalho em mãos o Dr. Kaandorp não considera apropriado para os médicos prescreverem aspirina ou heparina de baixo peso molecular para estas pacientes.  Estudadas 364 mulheres com história de abortamento de repetição sem causa aparente e foram alocadas em três grupos: Aspirina mais heparina de baixo peso molecular (nadroparin), aspirina isolada e placebo.  As pacientes dos grupos com placebo ou com aspirina não tinham conhecimento da medicação usada (estudo cego). As que receberam heparina subcutânea assinaram termo de consentimento informado e estavam conscientes sobre o medicamento usado.  Dos resultados encontrados, não houve nenhuma diferença estatísticamente significante entre os grupos estudados.  67 de 97 mulheres do grupo da heparina de baixo peso molecular que engravidaram tiveram uma criança saudável – Taxa de nascidos vivos de 69,1%  61 de 99 mulheres do grupo da aspirina que engravidaram tiveram uma criança saudável – Taxa de nascidos vivos de 61,1%  69 de 103 mulheres do grupo do placebo que engravidaram tiveram uma criança saudável – Taxa de nascidos vivos de 67,0%  O autor lembra que nenhum tratamento é desprovido de efeitos colaterais, metade das mulheres em tratamento com anticoagulantes relatam confusão e 40% que usam heparina relatam dor no locar da  injeção.  Segundo o Dr. Kaandorp existe uma presumida similaridade etiológica entre o abortamento de repetição e a síndrome anti-fosfolípedes, já que as mulheres com abortamento de repetição e síndrome antifosfolípedes, tratadas com heparina e aspirina, melhoram o seu resultado quanto às taxas de nascimentos vivos. Existe também uma crença de que parte do problema estaria associada à trombose de pequenos vasos sanguíneos.  Finalmente como recomendação do autor – “Este tratamento não deveria ser recomendado. Aspirina e Heparina ou aspirina isolada não aumentam a chance de um nascimento vivo nos casos de abortamento de repetição”.  Escritor: Ed Susman.  Revisão: Dori F. Zaleznik, MD; Prof. Clínica, Harvard Medical School, Boston.  Tradução: Gilberto da Costa Freitas; Doutor em Medicina FMUSP, São Paulo.

Tiago Ferreira

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