Abortamento

By: | Tags: | Comentários: 0 | maio 25th, 2018

INTRODUÇÃO

O abortamento é uma grande perda para o casal que tenta ter um filho, podendo causar significantes problemas psicológicos para a mulher, seu parceiro e a família. Freqüentemente é um acontecimento único, normalmente seguido de uma gravidez normal. Quando ocorrem três ou mais perdas consecutivas denominamos de abortamento de repetição.

Mesmo após três perdas consecutivas, as chances de uma gravidez normal são maiores que 60%. A maioria dos abortamentos ocorre nas primeiras 14 semanas de gravidez. A idade materna e o número prévio de perdas são fatores de risco independentes para uma nova perda.Sangramento vaginal é o sintoma mais comum do abortamento; pode ser leve, mas às vezes muito forte com coágulos, seguido de dor no baixo abdomen de caráter súbito.

TIPOS DE ABORTAMENTOS

Ameaça de abortamento, caracterizado por sangramento vaginal leve sem dor ou se houver é leve, o colo uterino está fechado e o útero apresenta tamanho adequado para idade gestacional. O repouso no leito muitas vezes é suficiente para eliminar os sintomas e a gravidez evoluir normalmente.

Abortamento inevitável, caracterizado por sangramento muito forte, colo uterino pérveo (aberto), dor intensa e o feto poderá ser eliminado. Abortamento completo, caracterizado pela eliminação completa do feto e placenta. Se permanecerem alguns restos de feto ou placenta dentro do útero chamamos de abortamento incompleto. Neste caso a paciente poderá necessitar de um esvaziamento uterino sob anestesia (ex. curetagem).

Qualquer resto de tecido dentro do útero pode significar riscos de infecções. Se ocorrer infecção então denominaremos de aborto infectado ou séptico.

O diagnóstico é feito pelo ultra-som, que pode mostrar um saco gestacional vazio, gravidez viável, restos ovulares ou embrião inviável.

TRATAMENTO DO ABORTAMENTO

  • Esvaziamento cirúrgico do produto do abortamento (aborto) com exame anátomo patológico, que pode ser por sucção ou curetagem, é o método mais efetivo. Fornece rápida resolução do problema, mas está associado com 2% de risco de perfuração uterina.
  • Esvaziamento com medicamentos que ajudam a expulsão do produto da concepção retido é uma alternativa efetiva em casos selecionados. No tratamento clínico usamos um medicamento chamado misoprostol (análogo da prostaglandina), com ou sem outra droga chamada de mifepristone (também conhecido como RU-486) que bloqueia os hormônios da gravidez. Aproximadamente 10% das pacientes tratadas clinicamente necessitarão de esvaziamento cirúrgico em caso de retenção do produto da concepção.
  • A conduta expectante (aguardar a eliminação espontânea do aborto). Atualmente bastante usada pela facilidade de monitorização das pacientes. É um tratamento efetivo, mas leva algumas semanas para a resolução. Cerca de 40% dessas pacientes necessitarão de intervenção de esvaziamento uterino do produto da concepção.

A incidência de infecções após esvaziamento uterino, tratamento clínico ou conduta expectante em abortamento de primeiro trimester é baixa (2 – 3%) e as taxas independem do método usado.

Se a tipagem sangüínea da mulher for Rh-negativo, e ela aborta ou sangra na gravidez; é importante usar a injeção Anti-D para previnir o desenvolvimento de anticorpos. Na maioria das mulheres, a fertilidade não é comprometida após o abortamento.

INCIDÊNCIA

O percentual total das gravidezes que terminam em abortamento situa-se entre 10-15%. O abortamento de repetição afeta 1% de todas as mulheres. O risco de abortamento aumenta com a idade materna de 9% aos vinte anos para 80% aos 48 anos. É importante notar que esse aumento observado independe da história reprodutiva da mulher.

CAUSAS DO ABORTAMENTO

Existem várias causas identificadas de abortamento. Incluíndo, anormalidades comossômicas, defeitos em alguns genes, problemas hormonais, infecções, causas imunológicas, anormalidades uterinas, doenças maternas crônicas e perigos ambientais.

Anormalidades cromossômicas

As alterações cromossômicas fetais são as causas mais comuns de abortamentos e respondem por mais da metade dos abortamentos precoces. Isso pode ocorrer devido anormalidades no óvulo, nos espermatozóides ou em ambos.

O normal para espécie humana são 46 cromossomos distribuídos em 23 pares, um desses pares é chamado de cromossomos sexuais, a mulher terá dois cromossomos X e o homem terá um X e um Y. Todos os nossos genes estão distribuídos ao longo dos cromossomos. Para cada um desses genes, existem duas cópias.

Uma pessoa herdará uma cópia de cada gene e formará o par proveniente dos pais. Os mais comuns defeitos cromossômicos são:TrissomiasQuando existem três cromossomos de um tipo ao invés de um par. É a anormalidade mais comum e sua incidência aumenta com a idade materna.

A recurrência dessas falhas não é comum e existe grande chance da gravidez seguinte ser normal. O exemplo mais conhecido é a síndrome de Down.MonossomiaQuando falta um cromossomo no par. Somente 1% das gravidezes com um cromossomo X sobreviverá, essa condição é chamada de síndrome de Turner.

Poliploidia

É quando um ou mais conjuntos de cromossomos extras estão presentes, pode ser o resultado de um óvulo fertilizado por mais de um espermatozóide.

Translocação balanceada

É uma causa menos comum de abortamento. Algumas anormalidades são herdadas dos pais (da mãe ou do pai) que chamamos de translocação balanceada, onde um dos cromossomos troca unidades do seu material genético por material de outro cromossomo. Não causará problemas por que o material genético da mãe e do pai estão presentes, apenas em locais diferentes.

Existiría riscos para o feto nos casos de translocação não balanceada, o que significa que o feto terá muito pouco ou muito material genético. Essa situação pode causar morte fetal e abortamento.

Defeitos dos Genes

Alguns defeitos gênicos podem causar abortamentos,  mas a maioria resultam em problemas mais sérios a criança como a fibrose cística ou a distrofia muscular de Duchenne.

Problemas hormonais

Vários diferentes problemas podem estar neste grupo, inclusive baixos níveis de progesterona, altos níveis de LH, ou anormalidades da tireóide.Baixos níveis de progesteronaSe for produzida progesterona em baixos níveis pelo corpo lúteo, o endométrio pode não se desenvolver adequadamente para manter a gravidez. Altos níveis de LHNíveis elevados do LH são comuns em pacientes com SOP. Os níveis elevados afetam a qualidade dos óvulos e dos embriões, podendo levar ao abortamento ou falha de implantação.

Infecções

Qualquer infecção severa como a rubéola, citomegalovírus e listeriose, podem causar abortamentos esporádicos. Vaginose bacteriana também pode causar abortamento tardio, parto prematuro e ruptura prematura de membranas. O papel das infecções no aborto de repetição não está totalmente esclarecido.

Imunológica

A síndrome dos anticorpos anti-fosfolípedes (SAAF) está presente em 15% das mulheres com abortamento de repetição. Estes anticorpos circulam no sangue, podem causar trombose dos vasos placentários e, se isso acontecer, o feto morrerá. A associação da síndrome com abortamento é mais forte no segundo trimestre. Também é possível que distúrbios nos mecanismos que protegem o feto da rejeição causem abortamento. A probabilidade é maior de acontecer se mãe e pai possuirem compatibilidade tecidual (HLA). A proporção de células NK (células de defesa) no sangue das mulheres afetadas são maiores do que em mulheres normais.

Anormalidades uterinas

Existem muitos problemas uterinos que podem provocar abortamentos. As malformações, miomas, incompetência cervical e aderências intra-uterinas.

Malformações uterinas

Algumas mulheres com malformação uterina abortam. A razão para isso não está completamente esclarecida, mas é possível que o útero não tenha espaço suficiente para que uma gravidez se desenvolva. O abortamento frequentemente ocorre no segundo trimestre, mas também pode ocorrer mais precocemente.

Anormalidades uterinas estão presentes no nascimento e incluem desde o útero septado (útero dividido por uma membrana) até o útero duplo.MiomasMiomas algumas vezes deformam a cavidade uterina e poderiam impedir a adequada implantação do embrião.Incompetência istmo-cervicalDurante a gravidez, o colo uterino deve permanecer fechado até o início do trabalho de parto.

Em algumas mulheres, o colo é frágil e inicia sua abertura, de maneira indolor, com subsequente ruptura das membranas e expulsão do feto. O abortamento causado pela incompetência cervical geralmente é tardio, após 16 semanas.

Essa fragilidade do colo pode ser inata ou resultar de cirurgias prévias do colo como conizações ou trabalho de parto prévio.

Aderências

Aderências intra-uterinas (Síndrome de Asherman) podem causar infertilidade e também podem estar associadas ao abortamento por restringir a implantação e o crescimento do feto.Causas viagra to buy online endometriaisAbortamentos podem estar associados com um desenvolvimento endometrial atrasado (defeitos da faser lútea).

Doenças maternas crônicas

Algumas doenças crônicas como diabetes, hipertensão grave, problemas renais e lúpus eritematoso, podem ocasionalmente causar abortamento. Entretanto, é comum que com todas essas doenças a gravidez possa se desenvolver.

Perigos ambientais

Qualquer substância que provoque toxicidade na gravidez pode estar associada em abortamento, incluíndo a radiação, alguns inseticídas, substâncias químicas tóxicas, fumo e álcool.

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