A relação entre a endometriose e a reprodução assistida
A endometriose é uma condição clínica que pode comprometer as chances da mulher engravidar naturalmente, se não tratada de maneira adequada, pode levar até à esterilidade.
O endométrio, tecido que reveste o interior do útero, passa por mudanças durante o ciclo menstrual tornando-se mais espesso no período mais fértil da mulher, mais ou menos na metade do ciclo. Se o óvulo for fecundado, o embrião resultante se implantará e se desenvolverá nesse endométrio. Quando não ocorre a fecundação, esse tecido se solta da parede do útero e é expelido do corpo causando a menstruação.
Uma das teorias para explicar o aparecimento da endometriose é que o sangue da menstruação contendo tecido endometrial seria expelido através das trompas para dentro do abdômen, e esse tecido se implantaria nos tecidos próximos, inclusive os ovários. Quando isso acontece formam-se as lesões endometrióticas. Como esse fenômeno de menstruação retrógrada ocorre em praticamente todas as mulheres, somente essa teoria não explicaria isoladamente a gênese dessa doença em apenas algumas mulheres.
A endometriose pode surgir logo na primeira menstruação e continuar nas menstruações seguintes. Algumas mulheres apresentam fortes sintomas que alteram totalmente a sua rotina:
- Dor pélvica crônica (não relacionada ao fluxo menstrual)
- Cólica menstrual intensa (apenas no período menstrual)
- Dor durante a relação sexual
- Alterações urinárias (dor ou sangramento ao urinar, especialmente no período menstrual)
- Alterações intestinais (dor, sangramento, obstrução do intestino)
- Infertilidade
Diagnóstico
Existe endometriose em diferentes graus e com características distintas, por isso, os sintomas são diferentes para cada mulher. Algumas não apresentam nenhuma alteração e passam a vida sem saber que estão com a doença. Só descobrem quando precisam fazer algum exame mais detalhado no útero, como a cirurgia de videolaparoscopia, que além do diagnóstico, é capaz de apontar a extensão e o grau da lesão.
Segundo estudos clínicos, cerca de seis milhões de brasileiras são afetadas pela endometriose. Desse universo, entre 10% a 15% estão em idade reprodutiva que compreende a faixa etária de 13 a 45 anos. As chances de ficarem estéreis por conta da doença é de 30%, aproximadamente.
Existem quatro tipos de endometriose:
- Superficial: é o tipo mais comum e afeta apenas o peritônio (membrana que envolve os órgãos abdominais)
- Ovariana: forma cistos que podem afetar a reserva ovariana (capacidade da mulher em produzir os óvulos) e levarem à esterilidade
- Profunda: causa grandes lesões que chegam a atingir a bexiga, intestino e outros órgãos abdominais
- Adenomiose: ocorre quando o endométrio e o miométrio estão ‘misturados’ e causa dores abdominais e relações sexuais doloridas
Endometriose e a reprodução assistida
Em muitos casos a revelação do diagnóstico da endometriose pode ser feito já em uma Clínica de Reprodução Humana, onde geralmente é feita a investigações dos casais com dificuldade para engravidar, ou seja, com infertilidade. Através dos vários exames realizados, além da infertilidade, o diagnóstico de endometriose pode ser feito.
Ter endometriose não impede o sucesso da Reprodução Assistida (fertilização in vitro), mas pode trazer alguma dificuldade para o processo.
Sabendo que a paciente tem a doença, qual o tipo e o grau das lesões, o médico especialista adotará o melhor protocolo de tratamento. Em muitos casos, pode ser importante primeiro estabilizar a doença, como o bloqueio medicamentoso dos ciclos menstruais, ou até, em casos extremos, realizar cirurgias para melhorar a anatomia pélvica antes de iniciar o ciclo de Reprodução Assistida ou Fertilização in vitro.
Como a endometriose é uma doença ainda de etiologia desconhecida, após o seu tratamento para controle, pode ser que ocorra a possibilidade dela retornar. Por isso, se o sintoma mais importante for à infertilidade, a Fertilização in vitro (reprodução assistida) deverá ser realizada o mais breve possível.
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